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Writer's pictureSâmara Jorge

Homossexualidade na escola

Recentemente, orientei a coordenadora de escola em razão de ela não saber como lidar com um aluno de seis anos de idade que estava sendo visto como homossexual e sofrendo uma imensa pressão por parte da família e dos amigos. E isso acontecia pelo simples fato do garoto não gostar de jogar futebol e de preferir brincar com as meninas. Os pais do menino pediram que a escola o proibisse de ficar com as meninas e que o obrigasse a frequentar o futebol, caso contrário, tirariam a criança da instituição, pois não queriam ter um filho homossexual. A criança estava cada vez mais oprimida, sentia-se culpada por ser como era e não ser aceita. E tinha razão em não querer estar com os meninos, que já o excluíam e o ridicularizavam por ser diferente.

Sugeri à coordenadora que tentasse trabalhar com as crianças a diversidade. Por exemplo: lembrasse que todos tinham um tipo físico próprio, gostos diferentes, tamanhos desiguais, aproveitando elementos da realidade que viviam e da experiência de cada um. A idéia era mostrar que as diferenças não faziam ninguém ser melhor ou pior do que o outro amiguinho. Isso permitiu que as crianças se manifestassem e percebessem suas diferenças, incluindo várias possibilidades. Também aconselhei que a escola estimulasse jogos e brincadeira mistas, procurando valorizar as escolhas, características e aptidões de cada aluno.

Além disso, foi feita uma palestra para pais e professores sobre o assunto, permitindo que eles também expressassem suas posições em relação ao tema. Os pais do garoto em questão foram encaminhados para um trabalho de orientação de pais.

Esse é um caso muito sério de preconceito e falta de informação. Em primeiro lugar porque a homossexualidade se caracteriza pela atração por pessoas do mesmo sexo, o que não tem nada a ver com gostar ou não de futebol ou de brincar com meninos e meninas. Em segundo lugar é muito cedo para afirmar se uma criança é homossexual ou heterossexual aos seis anos. A vivência da sexualidade em relação ao outro se manifesta no início da adolescência para homo ou heterossexuais.

O melhor caminho para lidar com esse assunto, tanto quando há algum caso na escola, quanto na prevenção do preconceito, é desenvolver a consciência. Para isso, a escola deve promover ações que visem discutir e lidar com a diversidade, incluindo e respeitando as diferenças. E isso deve incluir não apenas a sexualidade, mas cor, raça, classe social, escolhas pessoais etc.

Outra coisa que me parece ser urgente é uma revisão nas aulas de educação sexual. É claro que é fundamental passar informações sobre o funcionamento biológico, sexualidade, afetividade e cuidados a respeito de sexo seguro e gravidez, mas é essencial que seja discutida também a ideia da diversidade sexual e que ser homossexual é uma manifestação tão natural da sexualidade quanto a heterossexualidade. Essa é também uma boa oportunidade para lidar com preconceitos, estereótipos e estigmas. É importante também que os pais sejam incluídos nestas discussões. Para isso, promover encontros, palestras e debates pode ser uma boa opção.

Pais e educadores devem ter em mente que é seu dever formar uma pessoa, um cidadão. E fazemos isso desde que as crianças nascem, dando exemplos de respeito, ética, solidariedade e acolhimento. Ensinar (e aprender) é um ato diário que se dá através dos exemplos, do amor, dos limites, do acolhimento, do diálogo - e entenda-se diálogo não apenas falar, mas, sobretudo, ouvir o que todos têm a dizer. Uma boa parceria escola – pais – alunos me parece ser a melhor escolha.

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